segunda-feira, 3 de maio de 2010

A barca e a passagem

Não há tempo para esperar um novo mundo...

Seus olhos refletem na água.
Meu corpo em chamas deságua.
Tua luz em mim já não reflete
O velho mundo de festa e confete.

Que teremos se embarcamos há pouco?
Que virá senão imundas mazelas e loucos?
Oh, adorada, que em nada mais demonstra
Intenso raio de sol, que não mais me encontra.

Não há mais tempo para esperar um mundo novo...


Por entre barcas, aqui nos perguntamos:
"Ódio e Amor andarão por aqui?"
Sublime feito, imaculado registro
Responderá: "Não, não! Apenas em ti!"

Exploramos os feitos, terceiros momentos.
Esquadrias de madeira muito nobre.
"Então, seremos os novos pobres?
Teremos de burlar falsos instrumentos?"

"A música, adorada, é espírito que expande
Tudo que nos faz notar, íntegros e amantes
De sons cálidos e sentidos, criados e constantes
Da beleza que aqui nunca será revoltante!"

Não há mais tempo para esperar um mundo novo...

É só o que a voz diz: "Tempo não há!
Não há tempo! Quem sois, maldito guerreiro?
Imperas por lutar contra o precioso mosteiro,
Ígneo amante das malvadezas do que existirá!"

Tão logo a voz soou, por loucura ou descrença
Tudo se apagou. Vela, voz, velocidade intensa
Que agora permite deixar com que o céu e a terra
Terminem de sacralizar os corpos que aqui se enterra.

- Não há mais tempo para esperar um mundo novo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário