Tens noção daquele momento, clímax profundo,
De um pensamento como não-estar-no-mundo,
Só para lembrar que não temos uma vida menor?
Nem meu segredo de amores mais abastado -
És tão real quanto meu sonho mais brando,
Que naturalmente tomou forma de corpos queimando.
Ah, gentil mulher, que te venho acalmando o olhar,
Busco apenas encontrar o que o amor quer ditar:
Inclui-me em tuas formas delicadas e amorosas!
Só assim teremos o espaço aberto entre rosas,
Para quem sabe encontrarmos nosso Olimpo,
Depois de um voo tão alto quanto limpo.
Recebi teu gesto de carinho com doces relentos.
Agora, caminho longo, sequência de alentos,
Repassa em meu coração um universo difuso.
Sinto que te aproximas com carinho maior,
Com um imenso desenho de vicissitudes claras.
Penso, porém, que, para que saibamos de cor,
"Apenas a repetição o faria" - declaras.
Nosso amor avança de modo venturoso,
Mas que não se perca os motivos delicados:
Somos fruto de espaço e tempo luminoso,
Em que vence o amor, partido em maravilhas,
E que não nos permite virarmos ilhas.
Que ele é mais forte que minha voz.
Não aguarde velocidade no lento
E muito menos rancor muito veloz.
Sou aquele que guarda no verso
Um pouco do passado indigesto
De um tempo que torna-se resto
Para as agrúrias de um amor sem gesto.
Sinos badalam, violentas emanam
O suave pólen das pétalas - mas não!
Espere! Meu movimento é só amor...
Vem! Que o mundo nos aguarda de braços abertos!
E que o amanhã sobreviva sem qualquer inimigo
E que o mundo inteiro se eleve com nosso amor redescoberto!
Vi teu coração deslizando na areia.
Não me bastassem teus olhos de sereia,
Senti ainda que me falta algum aprumo.
Constelações de terra em meio ao mar,
Indulgências pagas sem ao menos resfriar,
Vejo meu corpo incandescer levemente,
Sinto minha alma navegar em mente...
De minhas mãos, a esperança doída
De te tocar mansinho, conto-te:
Em minha alvorada, delicada saída,
Brilhas costumaz, auge da beleza,
Muda meu coração - tal singeleza.
De fato ainda estás aí?
Por que desfrutas destemores,
Se só vivemos de horrores
Que cinges do além aqui?
Não sejas tão má, triste estrela,
Pois meu canto se cansa
E meu desalinho se descobre:
Se és assim, dolorosa e mansa,
Estrela da agonia,
Tardarei a dormir está noite.
Ilude-me por teu calor em brasa,
Mas não permite que minha asa
Leve-me para longe - sem açoite.
És, estranha estrela,
Longínquo paradouro e mirante,
Que o mais alto e gentil errante
Não amanhecerá sem vê-lo,
Tal é amarrar as pontas deste novelo:
A minha agonia some no breu,
Mas que minha estrela brilhe além,
Pois dos erros cansei teus
E de meu amor quero amém.
Miras o futuro com o mais cego dos desejos:
Encontrarás em quantidades, em marejosos
Olhos um desterro para humildes lampejos.
Que a cúpula de teus deuses sobreponham-se
À humilde batalha de um pobre coração
- Dolorido, mas com desejos alinhando-se
Ao destemido futuro que reserva o clarão.
Talvez não haja motivo para que este fim
Tão feito possível recentemente em mim:
Observe que a realidade dita quantidades,
Mas que as melhores qualidades existem em ti,
Bem como todos os amores que reservei aqui.
Por que escuto tuas lágrimas escorrerem?
Talvez seja o vento que por aqui passa...
Talvez seja a saudade que por aí repousa...
Quero te encontrar como manda o figurino:
Sois minha musa - nada que me dirão
Deixará meu pensamento: és algo divino.
No meio da manhã de um dia de calor,
Porás teu biquíni, mero detalhe de beleza.
Afinal, se não o tivesses - apenas modelador,
Serias tão gloriosa quanto expondo delicadeza.
Virias a mim, caminhando lentamente:
"O mar está uma delícia, venha mergulhar!"
E me puxarias com vontade, além da mente.
Na noite de brisa suave e calorosa,
Em meio ao nosso verão amoroso,
Beijar-nos-íamos com voracidade fogosa,
Não sem ao menos sentir - ano carinhoso.
Meu amor, sois meu espaço de delicadeza.
"Mas não seria melhor a distância,
Espaço temporal de melhor noção e clareza?"
Digo-te, pois, que longe do mundo e do olhar,
Meu recanto se esvai em busca de um alguém inquieto.
Meu sentimento é claro, conciso, verdadeiro e longo,
Como cada dia que passei em teus braços, irriquieto.
Se pensas que deixo de te querer por palavras errantes,
Para, pensa no que teu coração irado diz:
Não há pena e desleixo no que somos ou fazemos,
Não há dor ou amargura nos braços em que nos acolhemos.
Só há ventura e felicidade - nosso mundo eterno aprendiz.
E aqui eu fico, em meio ao chão arenoso que me sustenta.
É possível sair vivo daqui? É real querer com gosto a salvação?
De certo, a única possibilidade de um sim vem de antemão
A um desejo inóspito e inglório de que ela me tenta.
Se me respeitas, por que tanta fuga por um carinho alheio?
Se me amas, por que nunca privilegiar uma palavra de anseio?
A morte aproxima-se, negra e d
O genuíno desejo de uma vida feliz e sem espaço para "releio".
Deste solo pueril e triste, encaminho meu desenganado castelo:
Aumento de par em par os blocos de tortura para seu sustento
- Encaminho ao seu as minhas últimas palavras de alento:
Aqui eu fico, corroendo dores em sentidos desordenados e refeitos
Mas que doce alma quererá um dono imponente, gloriosos intentos,
Se minha base, em risco de desabar, não passa de pouco elo?
Um pingo fecunda uma terra infértil, ilustre desacreditada.
Os ventos abandonam as tormentas, redesenha alado
Todas as paisagens de uma terra outrora inanimada.
Num toque de amor e carinho, os dedos pendidos
Mostram muito mais do que um retorno dourado, celestial:
É um sorriso que ilumina o caminho de quem vê, abissal
Distância entre os temores que antes n
Cuida, querida moça, dos bens que te guardo com louvor:
Toda uma gama de sentimentos bons, felizes por te ter.
Cuida, apenas, de um que insiste em morar num canto do ser:
É aquele que grita quando se vê agredido, mas que cura;
Aquele que se alegra ao escutar qualquer "bom dia", sem usura;
Aquele que se faz puro, um puro, digno e incansável amor.
Em que dizia que me amavas de verdade;
Falavas das horas em que pensavas em mim,
Num minuto de transcrição da realidade.
Reminiscentes lembranças frequentes pela caneta
Dum mundo doido e decorrido a passos lentos,
Aproveitado na essência de um firmamento vil e sereno,
Descanso de um pôr-do-sol alegre e sem ventos.
Que terá ocorrido com a palavra, pura beleza?
Por qual dos caminhos se aventura o coração, esta ventura?
Não há mais espaço para ilusão sem caminho, longa solidão.
Assuma teu amor perante o mundo e perante as pessoas,
Para então descobrir na tua essência a nossa redenção.
Tornaram-se forma, organismo, essência.
Um conceito não é mera ideia quando formado:
Agregou-se ao mundo, ganhando movimento e dor.
Se tuas palavras, tão ácidas e tripudiantes,
Podem valer-se de sentimentos para serem expostas,
Por que as minhas, que buscaram calmaria e amor,
Não teriam o direito de também ser fera?
- Extremo pavor, corrosão de sentidos -
Mas acho que nisso mora perigo ainda maior:
Que tua sede de amor não morra, não suma, não ceda
Ao pavor da mente, que deveras te encolhe, mas que
No fim de tudo sempre encontra um porto seguro.