domingo, 19 de junho de 2011

Em frente

It's time to stand up,
Stand up and walk,
Walk all alone,
Down the same road.
(André Matos, "A lapse in time")

Quantas vezes nos levantamos pensando nas mesmas coisas?
Em quais momentos realmente vemos o que realmente acontece?
Sabemos tudo que realmente se passa?
Que maldita criatura sabe tudo o que realmente vê?

É tempo de olhar pra frente.
É hora de não mais ficar parado.
É certa a necessidade do novo.
É manifesta a vontade de se manter com o outro.

Agora, basta caminhar, homem.
Siga em frente, que seja sozinho.
É hora de encontrar teu futuro.
Há tempo pra retomar seu caminho.

Havia um garoto

"I lost my way...
But found my truth..."
(Aquaria, "Lost")

Esta é uma história de amor?
Não sabemos bem.
De um quente e encantado momento
A um passo da frieza em questão,
Tudo correu rapidamente.

Havia um garoto.
Um belo e estranho garoto.
Seu encanto pelas coisas da vida era fugaz.
Até o aparecimento dela.
Quando a encontrou, seu mundo floriu.
Quando ela partiu, seu mundo murchou.

Pelas ruas, antes naturalmente vivas,
As pegadas sem som se tornaram constantes.
As folhas de uma primavera real
Tornaram-se as secas de um outono castigante.
Ela não sabe disso.
Ela não se importa com isso.

O garoto cuida de suas lamúrias num silêncio inaceitável.
Mas o que ele pode fazer?
Gritar? Expor? Rezar? Calar?
Ele apenas sabe amar.
Não sabe como chegar.
Muito menos como acabar.

Havia um garoto.
Um belo e estranho garoto.
Que de suas lágrimas criava rios.
Que de seus rios fazia oceanos.
Justamente porque não viu o principal pensamento de sua vida:

Que a mais bela de todas as coisas é amar
E ser amado em troca.

Quem é esse garoto?
Por que belo e estranho ele seria?
Num espaço vasto, numa natureza fria?
O que deixa de ser quente e assim se avizinha?

Difícil encontrar respostas.
Sabemos que a expansão do mundo não permite vermos tudo.
Sabemos que os pensamentos não são totalmente expostos...

Mas havia um garoto.
Um belo e estranho garoto.
Que apenas sonhou em um dia ser amado
E receber seu amor em troca.

sábado, 4 de junho de 2011

Anjo-luz

Num espaço vazio, numa caixa de presente,
Na hora da virada, no momento do desastre,
Nessa vida de alegrias, noutra feita de tristezas,
Uma luz é vista ao fundo.

Num momento passado, na hora do presente,
Na vida de viajante, ou na criada por um mestre,
Quando em desejos, ora fugazes ora afáveis,
A luz é cada passo mais próxima.

Numa tríade de amizade, desejo e conquista,
Numa dor convertida em prazer,
Com aqueles sinais de complacência permanente,
A luz toma forma.

De um claro momento, de uma estúpida fala,
De um passado memorável, de um presente conflitante,
Um futuro perfeito que está por vir:
A luz é um anjo.

Um anjo branco, clarividente, incandescente.
Cega-me vê-lo, me consome a vontade
De tê-lo para realizá-lo, dia após dia.
O anjo não cairá em desgraça, pois me salvará.

À luz do dia, um anjo de encantos profundos.
Ao cair da noite, uma luz que perdura além do mundo.
Que anjo é esse que me tenta e que me esquenta?
Que luz é essa que me faz perder o chão?

É a luz do mundo, exclusiva pra mim.
É a alma que me carrega e que me move.
É o sonho que desabrocha a cada aproximação.
É minha vida, minha terra; meu anseio, minha perdição.

Um último grito

E eu que nunca pensei
Que tudo aconteceria assim.
Tu saíste de la como um tufão
e todos os meus sonhos foram em vão.

De um jazigo recém criado,
Uma alma desperta em gritos de desejo:
- Peço-te a vida! - é o que diz.
Mas em momento algum se fez feliz.

Nas horas em que se criaram ritos e
Evocaram os nomes de todos os santos,
o dela não foi chamado, tampouco citado:
Era hora de crer num final tresloucado.

A alma, então, percebe que o seu grito é em vão.
Reclude novamente, descansa eternamente.
Seus desejos, contudo, estão sempre por vir,
Enquanto penso que se irás reprimir.