Mais uma leva!
***
E assim o mundo mudou: vendo-te assim,
Caindo de tua altura estelar, longo umbral,
Deixas derreter teu pilar, tal como o mal,
E deixas de empinar teu rosto, querubim.
Estás correndo pelo mundo afora, distante,
Pelo prazer da diversão ao mar errante,
Que desvia o preâmbulo de nosso amor,
Aquele que um dia juraste eterno - pavor!
De que me serve pensar em ti se nem queres?
Pra que perderei meu tempo no ar agourado?
Parece que é hora de eu desfrutar prazeres...
Que não seja assim o céu, tão pouco estrelado.
- Ainda há muita vida no infinito, sem errância,
Para que no fim eu viva apenas em constância.
***
Na raiz de nossas relações - tempo distante,
Encontram-se nos caminhos do ser andante
A distância primária entre o que desejávamos
E aquilo que com ardor sempre respeitávamos.
Não importa se o breu se faz presente hoje:
O que sempre pusemos em prática todo o tempo
Vai além das migalhas espiraladas do teu alento
E se mistura com as doces quebradas - Foge!
Foge para um mundo sem problemas e liquefaz
Todos os teus sentidos perante tua bondade:
Aqui se faz e aqui se paga pelos atos que traz.
Não espere, amor meu, que tenhamos lealdade
Num universo em que nossa raiz parece romper
Para encontrar com caminho feliz para crescer.
***
Curioso caso o que me segue:
Distanciada há tanto tempo, de repente,
Numa ponta de sorte, gentil repente,
Aparece em minha frente e se ergue.
Gentil moça dos lindos traços,
Qual a empatia dos teus laços
Que me fizeste procurar lá no infinito
A riqueza de um papo que fito?
Não esperava tal encontro, querida,
Que, de fato, me lembra outros tempos:
Conversávamos até sobre a definida ida...
Hoje, no entanto, quero ver-te em alentos,
Para que desfrutemos mais dos aos montes
Que um dia pensamos em outros horizontes.
***
"Pare de dizer 'eu sei como você se sente',
Pois como pode saber uma pessoa daquilo
Que você sente?" - um verso eloquente,
Representado num universo enfim tranquilo...
Será que eu sei como é teu humilde sentir?
Seria eu egoísta a ponto de não ter possibilidade
De imaginar outras rotinas que sejam teu porvir
Ou ainda estou estigmatizado pela maldade?
Enrubro-me por pensar que não te permito paz,
Pois o que sempre quis foi vê-la longe do rapaz
Que atordoava minha mente de fato ausente:
Que me oprima a tua tua felicidade iminente,
Para que eu possa me sentir bem outra vez
Apenas por pensar no sorriso presente em tua tez.
***
E o curso da vida segue seu rumo,
Em meio a pesadelos e sonhos duros.
No mais, recurso com ardor o aprumo
De que ficaremos fadados entre muros.
Ainda me recurso a aceitar tal curso,
Pois ainda tenho para ti o abraço de urso,
Aquele que sempre quiseste no momento
Em que via tua vida ser puro esquecimento.
Difícil entender porque a vida faz dessas
- De te levar de mim assim, falas imersas
De um rio que não se faz desaguar:
Meus lampejos sonoros são meu ar
Que ainda quer receber o torpor do amor,
Mas que não quer se ver tornado horror.
***
Já pensaste então em como seriam
Os nossos próximos dias sempre juntos?
Pensaste em como teríamos mundos
E de que forma eles se fundiriam?
No meu peito, sinto uma distância:
Não te enxergo unida a mim novamente.
Num linguajar que clama e não mente,
Peço-te que dê sinal de tua estância.
Já faz dias que não nos vemos, horas
E horas sem sequer nos falarmos - agoras
De inutilidade vil e de total temperamento:
Inútil pensar que há horas e o momento,
Pois revela-se ignóbil a dor - sequer chora
Aquele doce coração que só te implora.
***
Dor de cabeça.
Minutos de raiva.
Ironia intensa.
Gigante saraiva.
Rolará pescoço
em meio ao poço
do gentil desgosto
do ódio reposto.
Por que és assim?
Tão perto de mim...
Por que não há paz?
Nunca me traz...
Gentil discórdia
de campos irrompe
ao bendito corrompe
para a alta prosódia.
Não tenho vontade
de te dizer palavra:
enquanto bondade
meu coração lavra.
Se preferes assim,
perfeito, pra mim:
fica com tua usura.
Ficarei com a pura.
***
Há muito tempo ando pensando em ti.
Acho que o tempo vai além das idas
Aos mundos distantes e vastas saídas
Que posso recolher ao sair daqui.
Sei que aí tu não pensas em mim.
Pois quando nos vemos somos outros
Que insistem em recolher os ouros
Que em outro tempo eram assim.
Vejo que te envolves com outro alguém
E não me arrependo de nada - amém!
Outro alguém pode dar o de sempre:
Que o momento te seja longo, meu bem,
Pois fazes tua vida feita único compre,
E o fim será a solidão que se dará também.
***
Bate uma saudade gigantesca
Quando não vejo tuas mãos belas,
Mas ainda mais me dói às velas
Se não há sinal de tua boca fresca.
***
Que ventos te trazem aqui agora?
É meu amor que finalmente aparece
Ou é a ilusão que me enlouquece?
Quero que sejas minha, mundo afora.
***
Escrevo esta carta para que me vejas:
Será que ainda estou bonito? Ou novo?
Não sei se me vês como velho estorvo
Ou estás em óticas no mar que velejas.
Encontro-te em meus pensamentos curtos,
Horizonte perdido em meio à escuridão.
São planáveis, habituáveis monstros que não
Perdem ou ganham - fazem-se de surdos.
Alcançara teu momento de amor e gratidão?
Estivera à espera de simples dias de "não"?
Talvez o mar agora seja meu desassossego:
Lá longe, ondulas em belos mares distantes,
Viajando na noite como um temível morcego,
- Quisera que apenas me visses como antes.
***
Se realmente me miras em teu futuro,
O que fazes de tão belamente obscuro?
Recrias águas e vidas agora passadas
Para que refaças momentos de baladas?
Eis que me guio pela alma da luz alerta:
No espaço ao longe, prima brilha constelado,
Pois não há amor maior que o acanhado
Pela gentil formosura de uma carícia certa.
Sei que aí estás em mundos absortos, longes,
Mas num raio de pensamento se faz lerdo
O carinho que te tanto faz em mim só herdo:
Que te amo em todos os momentos lisonjes,
Que te quero em todas as ondas de lamúria,
Que te desejo em quaisquer horas de fúria.
***
Se te quero de maneira feroz,
Não me digas que resistes atroz:
Por trás de tua tez rígida e forte,
Está teu amor encontrado por sorte.
***
Deu!
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