segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Poemas do Facebook - V

Mais uma leva... :)

***

Meu caro Shakespeare, trouxeste-me
Meu desejo: representar-te à altura
Com minha companha de mor cultura
A ponto de chover em pingo uniforme.

De teus sons, Angra, surgiram a trilha
Que formarão a base desta sagaz ilha
De nossos temores - universo de Ariel
Contado por Próspero, humano fiel.

Meu querido e finado autor, encenada
Verás uma vez mais tua última peça.
Empunharemos teu cajado e não meça:

Um musical que total entoa esmerada,
Não as naus envoltas em mediocridade,
Mas todo o torpor de tua Tempestade!


***

Ressoa no meu canto a certeza
De que a nossa esperança brilha
A possibilidade, não de lerdeza,
Que um tempo nos seguirá filha.

Não adianta querermos mais agora:
Somos espécie maior que o tempo,
- Que a morte, que a vida de outrora -
Somos a espera em passatempo.

Quiséramos esperar o tempo passar,
Mas fomos dotados de sentido par
Que não mais nos fez esperar aqui.

Nosso amor brotou de feliz passagem
Todo o tempo que ainda vira aí,
Sem sequer esperar cair a folhagem.


***

Mimadas crianças
Em díspares rotundas
Jogadas ao léu
Em mazelas penumbras.

O que há no rio de engraçado?
O que há de divertido em seguir?
O que é verdade em tua vida?
O que é loucura em teu sonho?

Viveu ao mundo,
Morreu de dores.

Mimadas crianças
Em díspares rotundas
Jogadas ao léu
Em mazelas penumbras.

O que faz belo um homem triste?
O que faz triste seu cruzar de espelhos?
O que é verdade na tua alma?
O que é loucura em teu risto?

Viveu tuas dores,
Morreu em flores.

Mimadas crianças
Em díspares rotundas
Jogadas ao léu
Em mazelas penumbras.

O que é esgueirar-se ao canto?
O que é cair alvejado na rua?
O que é verdade na tua arma?
O que é loucura no teu disparo?

Viveu em meio ao sorriso.
Morreu em agonia lente.

Mimadas crianças
Em díspares rotundas
Jogadas ao léu
Em mazelas penumbras.

O que é aquilo que ela vê?
O que é um anjo ao seu pé?
O que é verdade no reino do céu?
O que é loucura na alma terrena?

Viveu em meio ao inferno.
Morreu em busca do céu.

Mimadas crianças
Em díspares rotundas
Jogadas ao léu
Em mazelas penumbras...


***

É hora de acordar, meu benzinho.
É tempo de crescer novo, ao céu.
Agora é a hora de deixar o mel
Que ascende teu viver baixinho.

Passou o tempo da brincadeira,
Bem como o tempo da ironia:
A hora é de calma e mamadeira,
Mas num mundo de dessincronia.

Era momento de parar o riso?
Ou era hora do simples crescer?
Importa agora o que vem conciso:

O tempo de hoje é um nascer
Para as crises do tempo, amor,
Que se devem vencer com ardor.


***

A caminho da tranquilidade serena,
Reforço meu espaço pertante o teu:
Desejo mais que uma ilha morena,
Mas um caminho pelo corpo ateu.

Judias de minha felicidade, roubada
Por ferozes dedos, atroz e vil destino!
Não meças esforços para o desatino,
Pois terás tudo perdido - recuperada!

Oculta aos corvos a carne que esperas,
Pois as vestes trágicas destas quimeras
Hão de confrontar um dia tua insônia:

Colabora, então, para meu belo lugar,
Que se faz fanático ao meu globo ocular,
E que não se revela intento de parcimônia.


***

Termino minhas preces com um pedido:
Que te seja quente o dia frio, perto de mim.
Que te seja belo o dia feio, conforto assim.
Que te seja eterno o fugaz - aproveito escondido.

Quero te abraçar com o maior dos carinhos,
Para ver em teu rosto o sorriso mais belo.
Não me abastece o peito belos inúteis ninhos,
Se eu não tiver comigo o que faz nosso elo.

Quero teu beijo em minha boca como outrora.
Quero teus lábios, gentil amada, frequente aqui.
Não me peças para sair sem assim, rumo por aí,
Pois quero do ar extrair os frutos sonhados agora.


***

Sei que caminho em meio às trevas.
Não sou pomba celeste ou arcanjo,
Mas sombras do passado que levas
- O mesmo que absténs teu desarranjo...

Não me busque precipitadamente ou
Não me alegues como conforto próprio:
Sou um ritmo dissoluto que o tempo levou
E, além, carrego o som do crematório.

Um anjo de asas negras como a noite
Que pende e badala sinos de agonia longa,
Libertarei as garras do sonho, pernilonga:

Viajam as palavras que pedem pernoite,
Mas que nunca seguem um rumo secular
- São meus sons que escutas há horas viajar.


***

Tenho em mim todos os sentimentos,
Tudo aquilo quanto mais sagrado é.
Revejo meus laços para gerir elementos
Que se fazem graciosos como a pé.

Pensar ou repensar a vida é bom:
Une-se o útil da reflexão pura e alegre
Ao esforço de encontrar num som
A paz que há no Porto sempre Alegre.

Anjo meu, não te culpes pelas falhas:
Aprendes pelo caminho que retocas.
Tudo há solução, que não são palhas...

Resguarda teu coração contra facas
- Teu mero sentido pode retorcer-se mal
Sem perceberes que estás triste, afinal.


***

Peguei-me pensando se tu me sentes.
Analiso o dia, horas subsequentes
De um tempo amoroso e claro tal
Que me perco nas andanças ao sol.

Pedias-me que eu fosse um ser maior,
Dotado de qualidades de mil
Guerreiros que lutam pela dor mor
De sacrificar a vida gentil.

Que andanças pelo mundo fazes já?
Que peito ainda arde de paixão lá?
Não sei se quero ser esta redoma:

Sacrifico-me dias ao teu lado
Na espera de um amor terno alado,
Mas pareço estar nu total em coma.


***

Amor, amor...
Quisera teu paraíso em tua cama
Ser o mais perfeito abraço entre nós.

Ao caminho que se faz chama,
Não quero interromper teu alento,
Amor, amor.

Amor, amor...
Grande dia se aflora pelo céu, tal sol,
E vejo-me impedido de ver-te uma vez mais.

Não me interessa que grito de dor é real,
Mas quero um desenho perfeito de nossa nau,
Amor, amor...

Amor, amor...
Um plano de fuga em minha mente para ti,
Apenas para fazê-la sorrir novamente à lua...

Quisera apenas uma vez mais estar contigo,
Sentir teu riso, abraçar teu afago, ler tua vida,
Amor, amor...


***

Observas um tigre num barco.
Enjaulado?
Solto.

Mira-o dentro dos olhos gatunos.
Livre?
Medo.

Atiça sua ira em confronto tonto.
Preso?
Sorri.

Jogas comida ao mesmo animal.
Liberdade?
Pouco.

Os olhos felinos observam-na mal.
Triste?
Nada.

Oscilas ao vento teu mastro terreno.
Alegre?
Pausa.

O tigre a observa.
Observas o tigre.

Ele avança.

Sorri.

Para sempre.


***

Valha-me o ar pensar na despedida!
Imundo percalço das rotinas felizes...
Quisera a um tempo abraçar-te na ida
Bem como negar o adeus que me dizes.

Viaja agora, minha querida, para teu rumo:
Um lugar, um estado, uma nação reencontrada.
Enquanto teu avião parte para nova andada,
Deixas aqui teu caminho, agora um sumo.

Não deixes que a memória parta ao longe
Para que não sofras como os pares deixados
Que vibram pela bela presença acalorados:

Construa teu caminho em como um monge
E busca um dia encontrar teu eu em torno,
Já que aqui aguardam teu eterno retorno.


***

Se tu me achas um bom poeta,
Mais prazer encontro eu cá.
Se me vires escrevendo "lisboeta",
Ainda terás prazer como lá?


***

Queima na alvorada ardente paixão
Que sempre ostenta no futuro clarão
Um espaço de singeleza a plena flor,
Que se faz um espaço de pouca dor.

Nosso canto é alegre - tal qual bem-te-vi.
Não digas, não negues - me queres aqui.
Espero que te orgulhes de minha vida,
Pois dou-te meu máximo - não duvida!

Escuto ressonâncias providas de ti, amor,
E quero que teu canto se esbanje de clamor:
Espaço íntimo para nossos calmos anseios:

Que sempre haja colo em teus seios,
Para que me obrigues a buscar o melhor
- O que me cativa para ser sempre maior.


***

Enigma que me prende ao teu mundo,
Dá teu sinal de resposta para mero mortal!
Espero sempre pelas tuas respostas e tal,
Mas não vejo o percurso dele tão fundo!

Não espero que me tenhas total cuidado,
Pois te referes à sombra, à chuva e ao sol.
Não quero apenas ser obviamente traçado,
Para ficar eternamente preso ao teu anzol.

Perguntas-me se devo consentir com o erro
Ou se devo apoiar tua doce loucura eterna.
És um punhal de flores serenas em enterro:

Não quero que me tentes a entrar na taverna
E beber de teu vinho acre e de ponto desumano
- O incrível erro de quem deseja só o profano.


***

Acordo.
Escuto tua voz singela ao meu lado.
Elabora doçuras, canduras de outrora.
Tempo remoto que hoje é dourado.

Levanto.
Percebo teu toque sobre meu corpo.
Iluminas minha vida como se outrora.
Tempo sereno que hoje um sopro.

Caminho.
Sinto tua presença forte, amorosa até.
Recrias meu canto como era outrora.
Tempo doce do que fomos em pé.

Observo.
Silencio em minha cama - nada haverá.
Sentias minha voz como em outrora?
Tempo amargo e terreno que apenas há.


***

Na asa esquerda de um anjo, pendia teu choro.
A queda da tristeza se fez real.
O anjo se levantou e ruflou as asas.

Na asa direito de um anjo, pendia teu sorriso.
Elevou-se ao vento, dia a dia.
O anjo se levantou em ruflou as asas.

O anjo voou pelo horizonte, pendendo-se.
Encontrou teu choro afundado no mar.
Observou teu sorriso viajando no céu.

Ah, tristeza, que maledicente presença parte!
Ah, alegria, que conforto se segue ao chegares!
O anjo apenas olha para os lados e sorri.


***

Dormita em seio quente o meu sonho...
Pare! Não quer mais ver a luz do dia!
Aqui, em meio ao que me faz risonho,
Não desiste de aparecer a bela via.

Em encantos presentes faço-me rei,
Na altura do teu sorriso, é toda rainha.
Ser feliz, como diz Chico, era minha lei,
Enquanto sois espaço sem mais ladainha.

Não me acorde de meu sonho elitista,
De um sonho belo, sem crueldade ou afim,
Pois quero ser teu rei, simples assim:

Não basta imperar leis como benfiquista,
Se eu não tiver ao meu lado teu conforto
Que se faz presente num beijo de porto.


***

Depois tem mais! :)                 

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