Teu corpo consumido pela terra.
Tua voz extraída sem paz ou guerra.
Sentado ao lado de teu pai, sereno,
Hás de reconquistar teu lugar a pleno.
Levanta-te, alma pura!
Busca o teu espaço pela noite escura!
Sê bem vindo novamente
Ao local em que não há poente.
És filho de fidalgo - expulso já foste!
És filho de donzela - duro como hoste!
Levanta-te, alma pura!
Busca teu espaço pela noite escura!
Como num momento voraz,
Aplaca a gentil matéria que te espera:
Um gesto, uma fala repetirás
E uma mão se colocará: quimera.
Levanta-te, alma pura!
Busca teu espaço pela noite escura!
Sagaz sejas, bem vindo à vida,
Trépido recorte do bem humano!
A sede de teus sonhos é lida
Em contraponto à âmbito cavalariano.
Levanta-te, alma pura!
Busca teu espaço pela noite escura!
E não sejas impiedoso ou descortês,
Pois nada importa que nua praia
Ou num monte andes: desfaçatez
Seria não observares por atalaia
O espaço, o abstrato, a vida e a morte
Que só nós, caídos, sabemos sem corte.
Levanta-te, portanto:
Sois és - agora, sem pranto.
Levanta-te, levanta-te.
Não és um recorte errante.
Levanta-te, por fim:
Nada mais será afim...
- Ergue-se o corpo, abandona a tumba.
O mar ao longe o homem vê.
Antes apenas de abandonar a penumbra,
Pensa no que há na tevê.
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