Manto sagrado, rubro em prata,
Que me dirás se não houver mais nada?
Que farás, de encontro à faixa,
Se em nenhum momento houver fada,
Se em algum lugar estiver estanque
O caminho sem glórias e de parada?
Num mundo tão distante e sensato,
Em que páginas e páginas de sombra
Hão de notar tudo o que está inacabado:
Serias o único a vencer a tumba,
A viajar por entre terras de um recato,
Invencível e inacabada penúmbra?
Em tuas mãos, a espada em punho;
Em teus pés, botinas de couro a limpar;
Em teu corpo, uma armadura de sonhos;
Em teu coração, uma leve fragrância do amar.
Sobra tua cabeça, sã e possuidora de coros
A te dizer: "Não te vão perdoar!"
Segue teu rumo, cavaleiro do futuro,
Que entre as brumas a avalanche está.
Teus dedos, em cortes e dores,
Há de sentir a fortuna que não acabará.
Tua vida, guerreiro, de falsos primores
Tão logo em retalhos e louvores será.
Quem, afinal, há de combater e deter
Um ser tão ignóbil, frágil e saliente?
Quem deteria a forma, a crista e o saber
De alguém que sequer sabe ser crente,
Do que se deseja de um homem de poder
Para então realizar toda a sua gente?
"Humilhado seria", responderia, incrível,
"Não serei algo tão bom quanto desejei"
Mas de forma e conteúdo, é infalível,
Sabendo que, por trás, "sei que despertei",
No que tange sua vida, é indescrítvel,
Já no que vê como um todo: "só enganei".
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