sábado, 16 de fevereiro de 2013

Poemas do Facebook - XI

Mais!

***

Encontra-me nas chamas esta noite, bem,
Se não quiseres perder loucuras amorosas
Que trago comigo de outros tempos também,
Mas que vibram ao se fazerem perigosas...

Auge da montanha dos sentimentos bons,
Subi-te uma vez mais para alcançar o céu
E ousei me perder ao longe do arranha-céu,
Para ter nossos momentos - doces bom-bons.

Estou lá naquele lugar novamente, pensando...
Devo me fazer presente em tua memória?
Ou seria mais justo escapar-te como escória?

De qualquer forma, há alguém demorando:
Onde tu estás, se te espero no alto do coração,
Às duras chagas que talvez peçam perdão?


***

Reencontrada na chama da memória,
Meu bem querer se faz de boa doçura
Para eu levá-la ao caminho da candura,
Onde se guardam as réstias da glória...


***

No meio da nossa noite misteriosa,
Os trovões romperam o céu nebuloso.
Noite de virtude, carinho e deliciosa
Companhia do astro mais majestoso?

Podes me chamar do que quiseres:
Doce amor, os vestígios do tempo
Ainda vagam conosco - somos seres
De grandeza vil e sentimento lento...

Anos a fio amamentando um belo amor
Se fez perceber forte nesta noite anterior:
"Ainda há aquela boa lembrança do beijo..."

Segue teu caminho, mas se perceberes
Que é aqui teu maior destino e desejo,
Não seja fria a ponto de o mascarares.


***

Rio-me da própria desventurança
Quando leio que palavras e ações
Andam em desacordo. Esperança!
Brinca maldosa com esses grilhões!


***

Sabes por que não te identificas mais com o que escrevo?
Existiu uma porta que era aberta todos os dias para saber.
Hoje, esta passagem está fechada pela dor, vive ao relevo,
E só será aberta de vez quando a situação um dia reverter.


***

Revejo tuas fotos e acompanho teu sorriso.
Por que ainda é triste? Por que menos liso?
Ondulas no rosto a saudade partida outrora
Ou seria o silêncio com quem agora namora?


***

No meio da folhagem do mato perdido,
Encontrei meu destino insano no verde:
Maltrapilho vertigens com sopro doído,
- Meu olhar se tornou o que não perde.

A natureza brinca com os leves medos
Que insistem em nortear pensamentos
Agora, ao longe, no céu fechado e atroz
- Calma, amor, é só a tempestade feroz.

Sinto que meus pés fundem chão e céu,
Pois caminho num estado de graça feliz,
O que há muito não se via ou não se quis...

A chuva levou os meus medos - carrocel
De lágrimas absoluto, frágil companhia,
Mas deliciosa como minha estrela guia.


***

Tempo -
Ultrapassa os limites da saudade
Mas enquanto ela vem e bate
"Que vontade de te abraçar!"

Tempo -
Corre mais rápido que o beijo do vento
Mas se me rememora o teu lábio
"Que vontade de te beijar!"

Tempo -
Vai além da nossa pobre vida insana
Mas se carregas essa vontade de ti
"Que vontade de te ter aqui!"

Tempo -
Não nos maldigas mais uma vez, afinal
Pois tens a força para levar todo o mal
"Que vontade de te ouvir comigo!"

Tempo -
Brilha ao longe a aurora da esperança
E um dia trarás a mim a tua felicidade
"Que vontade de ser só contigo!"


***

Leio tuas palavras no amanhecer
E ainda me pergunto uma vez mais:
Que saudade é essa ilustre em "ais",
Se não me diriges palavra para ver?


***

Quando não houver mais nada,
Cala e consente: viver para quê,
Se meu amor a vontade não vê
E meu caminho está sem estrada?


***

Sinto na pele o último beijo
Que estalou em meu braço.
Sinto também que bom aço
Se desfaz como o queijo.

Na mira da lembrança, ora
Vens cabisbaixa e insana,
Ora celebras uma certa hora,
Que só te deixa doidivana.

Agora, estalando dedos reais,
Percebo que o tempo se foi.
De bom grado, vejo o que mói,
Para não ser além do mais.


***

Morava nos escombros da memória
Aquela imagem que um dia fora bela:
Nós sentados à escada, em transitória
Risada - Tempo de uma hora singela.

Depois de tantos anos, revejo-te assim:
Teus dourados cachos reverberados por
Esmeralda maciça - verde cristal e, enfim,
Reaparecida a mim para intenso torpor.

Teu riso doce, fácil e dolorido de hoje é,
A um só tempo, a ternura que ficou longe
Somada à necessidade de ir agora a pé:

Caminha para teu futuro, querida - monge
De silêncio para o coração - e que agora
Nos encontremos mais vezes por hora.


***

Sorria - mesmo que não tenhas motivos!
É a nova era que rompe o nosso tremor.
Sorria - mesmo que apareçam os uivos
Daqueles lobos que nos trazem o pavor.

É preciso sorrir a noite inteira, com orgulho
- Não importa que alguém faça borbulho
Do que queremos encontrar logo adiante.
- Vejo-nos no céu, em todo nosso instante.

Cria teu sorriso para meticular tuas alegrias,
Pois cabe no mundo um novo belo horizonte
Que entreabre suas portas - além do monte:

Abre a curvatura no teu rosto - calma, sorrias!
É apenas o tempo novo lá fora, escaldante,
Que fará de novo teu coração um belo errante.


***

Caminhas na beira da praia, estrela bela,
Para que te apreciem sem a moderação.
Vejo tuas curvas alvas - a gentil sequela
Do tempo em que ouvia sequer um "não".

As areias daquele tempo se desfazem
Em meio ao olhar que observa teu futuro.
Só então percebo que nada é mais puro
Que tuas ideias num caminho selvagem.

Ah, cruel praia de minhas belas incertezas!
Por que não transformas em dunas errantes
Corações que um dia se deram molezas?

Talvez porque ela saiba, mesmo como antes,
Que não há pousada melhor para o coração
Do que aquela que sempre te deu atenção.


***

Amor, não há santo maior que o dia seguinte:
A prece calma se renova com o raiar do sol,
Os pecados são pagos com lua - pleno requinte,
E meu coração se recupera com teu farol...

Aurora da minha vida! Faz-me seguidor do bem,
Para encontrar no mar e no céu meu elo também
Com o mundo que se faz rígido e cruel conosco,
Mas que quer apenas nos livrar do que é tosco.

Agora é hora de vermos o que o ano reserva,
Pois temos um longo caminho já pela frente:
Os meus e os teus precisam de algo comovente!

Que vida que te reservo de agora em diante sirva
De caminho para teu mundo gigante se aproximar
- É o teu espaço novo que quer te ver apenas amar.


***

Muita gente diz que nossa vida está regrada
- Fechada, curvada, estreita, sem colheita -
Mas esquecem que somos a força retomada
De uma hora que em novo tempo será feita.

Não adianta me puxar para o seu lado belo,
Quando o que mais quero é viver minha vida:
Os resquícios das águas que formaram o elo
Evaporaram na época em que foste doída.

Finalmente me sinto livre do que dizem, amor,
Pois sou liberto de uma escravatura inaudita,
Já que ninguém quer permanecer com a dor...

Agora, viemos ao mundo com rosto que compita
- Comigo, com ele, com elas, com o mundo todo -
Pela melhor forma que seja retirar o incômodo.


***

Queres saber mesmo o que penso
Sobre as doces palavras de outrora?
Tira tua máscara de pavor de agora
E me pergunta com o mesmo senso...


***

Nada consegui no escuro.
As duras chagas dos pensamentos mundanos
- Esquifes de tristezas e contíguas dessincronias -
Fizeram-me vívido em meio à cegueira.

Vejo nosso tempo partir de repente.
Em quais sintonias encontraremos os mundos
- Tão belos, terrenos, em meio ao sol -
Quando não tivermos mais a quem ver?

Brilhou o sol imenso no quarto ao lado.
E é ali que vejo o futuro que se propõe de fato
- Rico em textura, murmura ao meu ouvido -
E é para onde iremos quando tudo renascer...

Estamos na noite do calor intenso.
Que sol que se aventura à noite pode conter
- fogueira, flâmulas, falanges, fosfatos -
A energia tão intermitente para fazer amadurecer?

E nada do frio se aproximar.
Nada do escuro vir com força de novo.
Tudo é claro - gesso em pó construído -
E o universo todo se cala perante mim.


***

Uma aventura no fogo da noite
Foi o que vivi contigo há pouco.
Não meço palavras para dizer-te
Que fulguras magia como louco...

Que tez brilhante ao contemplar
As milhares de vidas além-mar!
Que doce mais redentor - magia
Única de fazer-me luz que emergia!

Quanto menos penso no que houve,
Mais teu doce corpo se faz presente:
Seria esta poção que não se ouve?

Brilho meus olhos àquele que sente
Que todo sabor da vida inundou-me
E me fez alguém mais a todo volume.


***

A última terra perdida no horizonte
- Não maldigas que meu espaço vital
Era apenas um reduto de um monte
Que não trazia os espelhos para tal...

A minha última morada nesta terra
- Meu recanto de amor e felicidade,
Que só apenas faz feliz quando erra,
Mas buscando toda melhor verdade.

Meu recanto de términos infundados,
Última morada dos vis malmequeres
- É teu último poema de meus dados:

Agora, subo à virtude dos benfeitores,
Para entregar minha alma ao que é novo
E me despedir da tal sensação de estorvo.


***

Nasceu! Brotou no horizonte disperso
A cúria da paz de meu tenso coração!
Levo-me junto a ti, deserta corrosão,
Para que despedaces o meu universo!

Nas novas páginas que se constroem,
Não há espaço para rasuras e leilões.
Meu modesto coração se joga ao leões
Para açoitar-se - os que o destroem.

Pego minha alma e junto-me ao verso!
Não há mais motivos para aqui ficar -
Quero-me longe, tendo-me apenas ar:

Que os espíritos que me deixam adverso
Respirem uma nova fragrância de amor
E destempere este sentimento de pavor.


***

Que som é este que me chama de longe?
Que batida, que cura, que me eleva alto?
Parece que o anjo não está como monge,
Nem os santos em um nível de planalto...

É dia de ouvir o pandeiro tocar suas notas,
De ver o folião se entregar são na avenida
- Sair insano, consequência total e desmedida,
Mas que parece combinar com o que botas.

É dia de carnaval, na avenida, na rua, no beco
- É dia de ouvir teus cantares soturnos - seco,
Pois o poeta não bebe por suas palavras tolas!

Veste-se arlequim para ser quem traz auréolas,
Pois, no dia em que o poeta cai mesmo no samba,
Quer apenas sambar - E nem lhe ofereçam liamba!


***

Disseras certa vez, numa noite sã e bela,
Que o eterno é possível, não só palavras,
Mas atitudes - Que teoria seria mais dela
Senão esta, que hoje não há o que lavras?

Conheceste o mundo e a intimidade além,
Pois buscaste o eterno e o fim no mesmo.
Quantas pessoas fazem isso com outrem
Todos os dias - Sem se ferirem a esmo?

Esta é a imagem que tu me deixaste, amor:
De quem usou algo para aprender e se foi.
Se for tua essência, há quem tenha pavor.

Aqui é o espaço do destrato, sem mais "oi".
Hoje, seguirei para longe o intenso caminho,
Esperando que a rosa saiba tratar o espinho.


***

Se o medo te contaminar em relação a mim,
Não te espante! Talvez seja agora normal...
Não esquece, no entanto, que não faz mal
Falares comigo - já que sempre foste assim!


***

Em meus momentos mais para baixo,
Aquele som reacende meu espírito -
Brinca com meus sentidos e encaixo
Meus olhos perante a vida e o conflito.

Agora posso ver, por meio de teus lábios,
Que, vermelhos em sangue, brilham claros
Os belos textos que um dia senti aos faros
De teu corpo e nossos espíritos milionários.

Quando balbucio teu ser em meio à fossa,
Não permito que a pura alma que se força
Caia em tentação em curto espaço de tempo:

Dos velhos quintanares que leio a passatempo,
Vejo teu sorriso levantar-me ao céu de vez,
Para ver-me afogado em memórias e lividez.


***

"Vai com calma", ela me disse uma vez,
Com um ar sincero, de puro conhecimento.
"Não faço diferente", respondi, na altivez
De quem tem nas mãos todo o polimento.

Agarrei-a com vontade, sagaz do prazer,
Incalculando as vértices do saber estremecer.
"Teremos a vida", ela dizia, sorriso dolorido,
O que não passava de um deleite contido.

Sorrisos em núpcias amorosas clarificados,
Prazeres, regalos - desejos agora infindados,
Na mente e no corpo de todo tua vontade...

Não me faça agora faltar com a verdade,
Pois não esqueces o dia em que teu busto
Uniu-se ao meu - e deixou de ser um susto.


***

Conversas silenciosas no decorrer da noite:
"Mistura teu coração ao cérebro", ela me diz,
Com sua voz claudicante e que certo foi-te
A mais bela e feroz que não encontra raiz.

No diálogo frenético, os desvairados seres
Se cruzam em meio à estrada da lealdade
- "Não se faz mais, tais como a comunidade,
Que se preocupa com a dificuldade de teres."

Os sonâmbulos gestos se entrecruzam suaves,
Numa bela desarmonia de cores e gentilezas
Que oprimes quando falas de tuas malvadezas:

Acordo assim, como se pousadas fossem naves,
E eu pudesse rever meus conceitos finalmente,
Escapando da frigidez constante de tua mente.


***

O sol nasceu mais uma vez neste verão
Que dá sinais de uma verdadeira solidão.
Acordo sem te ver ao meu lado novamente
E meu coração, gotejando ternura, mente.

Em algum claustro qualquer, longe do chão,
Meu ar golpeia a dor para fazer-me vivo.
Doce intento: continuas a caminhar em vão,
Enquanto recomponho-me sem ser agressivo.

De que lado tu estás, meu sol? Quero-te vendo,
Ao longe, de tua vida, no imenso firmamento,
A sagaz virtude que a solidão deve me trazer:

Quero apenas viver da mesma forma que ser
Tranquilo e sereno, em busca do céu ao final
- O que melhorará consideravelmente meu astral.


***

Desce do céu a estrela serena outra vez
- Que milagre revê-la assim, nesta pose!
Noutro momento talvez não tivesses altivez
- Necessário para algo que não seja hipnose.

Alerta ao teu tempo de descida, minha visão
Não franze o cenho para ver-te próxima.
Afinal, estás num regime de gozo que vitima
Meu coração triste, padecendo - só que não.

Reverberas tua passagem agora ao horizonte,
Pois aqui renegaste teu porto seguro, lembras?
- Tempo de dar o crédito pela fala que conte.

Na ida sem vinda deste futuro que me cobras,
Vira-te pela porta afora e sai, rumo ao mundo,
E invade já teu céu que se diz tão profundo.


***

Se Freud dizia que o homem é dono
Do que cala e escravo do que fala,
Posso dizer que minha ciência tem ala
Difícil de recriar as falas lá do outono.

Hoje sou dono, mas outrora escravo:
Expus-me em excesso ao que há dor.
Agora, calado, tento recompor o calor
Que com tanta vontade eu o agravo.

Meu sentido escravo fora alforriado,
O que não me impede de te servir,
Pois sempre te amei de bom grado:

Ainda assim, livre: livre para poder ir,
Rumo ao infinito e além, sem rancor,
Para descobrir-te novamente, amor.


***

E, veja, quem sabe não é hora
De transformar o sonho aquele,
Tão longínquo, distante, agora
Em espaço de amor para ele?


***

:D

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