Segue a saga!
***
Vejam só em que mal me meti:
Tão pouco lida por seu preço,
Malfadada por alunos - mereço!
Só há a via que encontro em ti.
Não posso ser elitista - tristeza!
Sou a voz de um povo só quieto
Que se ampara num ser irriquieto,
Falando sempre na profundeza!
Que mal fiz para me deixar assim?
Que dor, que pena, que chaga é
A que faz não te orgulhar de mim?
Só por eu não portar um "sacumé",
Jogas-me num ponto inalcançável
Para os que são de tom amável!
***
Como será que pensas
Num insano momento
Em dividir as vitórias?
De que forma tu vens
E me dizes que pareço
O enredo de tua perda?
Só não me digas agora
Que longe de ti na hora
Serei sombra da derrota...
***
Quem sabe na próxima vez
Tu não desces do teu andar
E exprime o gosto por amar
Em vez de jogar tanta altivez?
***
Não te jogas às ofertas.
Ao contrário, cala - zelo.
Modo de silenciar apelo
Para não se ferir coberta.
***
Não me espere para breve, amor!
Saio agora para procurar no zelo
Aquilo que passa longe do teu gelo
- Só meu velho e fervoroso torpor.
***
Falta pouco para começar a caminhada.
- Milhares se almas de juntam, devagar,
Para logo rumarem ao destino - teu lar,
Onde brindaremos teu futuro, amada.
Todos querem ver teu fel - destoa bela
No universo das femininas doces vozes,
Com teu riso sincero nos lábios atrozes,
Enganando qualquer - irônico olhar dela.
Em tuas alvas vestes, que esvoaçam ser
De mais tenras medidas - incrível saber
De quem observa o que nos é invisível...
No encontro com os teus olhos, sensível
Semelhança verei agora: estarás branca,
Mais clara que a inconsciência que tranca.
***
Ah, musa! Queria-te ao meu lado agora
Para te dar os beijos doces e molhados
Que há muito desejamo-los por aí afora!
- Doces instantes de amores desejados...
Onde tu andas, que não mais te vejo aí?
Não espantas o carinho que a ti dedico,
Pois são reais e sabedores com pudico
De vontades ardentes - encontras aqui!
Quero te encontrar agora, sentir o beijo
Que deixei para trás numa lembrança -
Mas que se reaviva como a esperança!
Espera-me, musa, para traçar o regozijo
Tantas vezes pensado entre as paredes
De um quarto só nosso - incríveis redes.
***
Devo partir ao meu infinito agora:
Caminharei pela flutuante nuvem,
Buscarei meus amores que ouvem
Um grito distante que hoje aflora.
***
Já pensou que lindo
Seria o nosso mundo
Se cultivasses rindo
Nosso amor fecundo?
Que belo tudo seria
Se com riso ameno
Num lago todo sereno
Beijássemos a ironia!
Mas vamos nos fazer
Transformando o ser
Num desejo só retido
Para não ser mentido.
***
"Aqui se faz, aqui se paga" - velho ditado,
Em que vi meus poucos amigos morrerem,
Em que senti poucos amores desvanecerem,
Para que agora eu me sinta tão acabado.
Já paguei todos os meus pecados, Senhor
- Por que não me abres um caminho de luz?
Que eu fiz para não ter sequer o que expus
No dia em que explanei a ti todo meu amor?
"Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado"
- Já disse o velho Gregório, aquele antitético -
Será que isso mostra o quanto fui patético?
Eu não escapo de nada que me revela ético,
Mas não quero mais perder meu mundo todo
Para a insana sensação de que estou cômodo.
***
Recolhes ao fogo
As palavras ditas
Na lua que tu fitas
De nosso desafogo.
***
Nos entornos deste nosso lugar,
Sabemos que muitos estão a par
Dos problemas que tu me juras
Que nunca viveste - "Que agruras!"
Em idas e vindas de grande paixão,
Teu ser explora vivências expedidas
Por árduo caminho levado ao coração
- Romance inóspito de ideias partidas.
Agora, momento em que buscaremos
Os resquícios de um perdido rubor,
Talvez encontremos nosso tal amor:
Em tempos futuros, algo conseguiremos,
Pois nas mãos temos a força para ir
- Resta-nos vermo-nos para consentir.
***
No meio da mistura dos corpos suados
Sedentos de desejos de mundos inflados,
A vida não é graça desejada para o eterno
- Vive de composturas ácidas além do terno.
Vem, declina tua mão sobre minha face -
É o que queres sentir? Desejas o enlace
Com estes lábios que te tocam o desejo
De ser feliz com um único e gentil beijo?
Neste mundo cão, em que nossas relações
Não passam de líquidos que só evaporam,
Crer nas situações sensíveis - mudaram:
Sinto tua pele roçando pelas palavras ditas
- Longe de um espaço comum de orações -
Que me revelam desejo por coisas malditas.
***
Quem sabe tu me chamas
De teu doce e caro pássaro,
Para que o poeta de famas
Viva um verso eterno e raro?
***
Encontrar os meus corredores tão coloridos
Em meio ao mundo de funções determinadas!
Agora, com teus novos ares sem apalpadas,
Serás nosso novo velho espaço aos pedidos!
Agora, tens as salas renovadas ao desejo
De todos aqueles que querem ver-te bem!
Percorreremos teus pátios e lá também
Veremos a gurizada sorrir com todo ensejo!
Sejamos todos bem-vindos e aventurados!
- A nossa epopeia começa de vez agora,
Com todos os motivos para não pular fora:
Na educação, num espaço absoluto de todos,
Sempre entraremos num gesto total felicidade
Para sempre facilitarmos a busca pela verdade.
***
Meu coração está armado
Com foco agora apontado
Para o rosto do teu vil bem
Que se faz longe também.
***
Vejo-te leve, inculta e bela,
Como se as altas vibrações
Não fossem sequer caminho
Para as fadas na aquarela
De quando pintavas desalinho
De nossas últimas sensações...
Não há como procurar agora
As tristezas terríveis de outrora,
Pois nosso mundo mundo e tal
- Riscos da rubra pintura sazonal
Que atravessa meu coração
Para ir de encontro ao perdão.
Vimo-nos em tantos bons mares
Que o tempo não apaga o medo
De sermos pegos pelo enredo
De tantos contos altamente vulgares
- Extermínio de nosso gentil amor
Que viveu às custas de nosso torpor.
Agora, lá longe, vejo nosso futuro
- Límpido aos meus olhos densos
Que fulguram a estrada do sentimento.
Quero-te, fiel carinho, com amor puro
Dos tempos em que o depoimento
Era só de vida eterna - ser intenso.
***
Eram vários momentos vãos de outrem
- Não poderia pensar em vagar sozinho,
Já sofrendo na crueldade daquele ninho
As durezas de tempos sei lá com quem.
Infinitudes diaspóricas de bons ventos
Cruzaram meu caminho para belo porto.
Vejo-me parado frente aos cataventos
Que criam a encruzilhada - total absorto.
Se fico parado, por que não me mexo?
Se há boas vias, por que não as sigo?
É difícil deixar a zona que está no eixo...
Agora, porém, passos darei - eu consigo!
Para além do mundo que se faz certo
Descobrir os passos para o que conserto.
***
Como começar o dia
Sem tua ilustre poesia
Que me dá tal ânsia
De viver inconstância?
***
Definha na noite a última esperança
De reconhecer meu destino distante.
Perde-se pétalas caindo ao montante
O fulgor que antes era pura bonança.
Este é o desejo que me queres destino?
Isto realmente revela teus segredos?
Não pense que te vejo nesses pecados
Ou que me convences desse desatino...
É um passo terrível a ser dado, donzela,
Pois te lendo percebo que não queres
Nada com quem sempre fora o que zela.
Se me deres as costas de vez, pensares -
Nunca mais - um grito de amor aparecerá!
Nunca mais - qualquer carinho ora voltará!
***
Se tu me perguntas, queres saber algo.
Então, amor, me diga: se posso te dizer
Um mundo de palavras que eu te salgo,
Por que te desvias para distante do ser?
***
E na tua cotação
Eu teria chance
De um romance
Sem o teu não?
***
Na teoria a que me refiro só agora,
Tua pose mantém certo estandarte
Que repousa sobre ferida escarlate
De um coração que não está afora.
Repulsas os meus gentílicos abertos
- Nada mais que silêncio respeitoso
De agruras deste velho e gentil moço
- Insistente de teus sorrisos mortos.
Sabe o que és agora, querida musa?
Floco de neve - tão leve e abstraído.
Não vejo sustento no que foi servido.
No meu caminho - chão firme, recusa.
Quer-me invadindo sobre si os novos,
Os melhores dias nada tão maliciosos.
***
"Ele me perguntou quem eu pensava
Que era, mas retruquei calmo assim:
Quem TU pensa que eu SOU?" - O fim
Da frase reforçado por sons - calava.
Escutei tua voz e me dei conta de ti:
Ralo, sujo, malfadado pelo teu tempo
Que não poupou esforços para, aqui,
Mostrar quem és neste contratempo.
Como saberemos, caro amigo, se és
Um estouro perdido em meio à selva
Ou espaço mágico aos nossos pés?
Serve-me de mais frases na relva:
Assim poderei conhecer a identidade
De quem se quer ver com enormidade.
***
E nas tuas palavras encontrei o prazer
Sempre pedido em sonhos ao anjo -
Que não escapa da minha lápide ter
O doce desejo de saber o que manjo.
***
Por que tu falas tantas bobagens?
Apalpa corpos novos, em meio a sorrisos
Sinceros de mentiras descabidas.
Encontras felicidade nesses atos?
Sorris com lábios plastificados pelo tempo
- Ou seria pela lâmina que carregas agora?
Percebes que constranges as pessoas?
Desfilam de roupas íntimas em tua frente
Para saciar desejos de um público quente.
De que te servem tais palavras agora?
Pensas que confortas mentes alienadas
Ou reforças os desejos das mais safadas?
O que é isso que fazes afinal?
Que curiosidades malditas são estas
Sobre as quais falas sem menor pudor?
Eu não vou te ver de jeito nenhum, senhor.
Saia da minha porta, da minha aba, da minha vida.
Não quero este lixo que me ofereces agora.
O que eu quero da minha vida agora?
Celebrar o fim de tuas palavras imundas e servis
Às finanças de mídias endoidecidas pelo povo.
Ah, povo...
Ignora-o...
Depois de ouvi-lo...
E pensa...
Pensa...
Não queira...
***
Na infinita rua da minha esperança,
Percorro ao léu e contra o meu vento
Em busca de um futuro que avança
E que me deixa para trás, se for lento.
Preciso caminhar adiante para nos ver:
Enxergar-nos no retrovisor do tempo -
"Carinho, chegue logo para eu saber
Se ainda me amas ou é contratempo!"
E é tão belo olhar para trás! Singelos
Momentos de um momento que se vai
Sem lembrar os sentimentos tão belos...
Por isso, avanço: é uma rua sem elos,
Mas é o caminho necessário para, assim,
Termos o nosso dia de agora dizer "fim".
***
Eu sei romper o teu longo silêncio.
Venha-me logo, com todo torpor:
Podes avançar para além do indício
Ou ficar comigo e ilustrar teu amor.
***
Escrevo-te mais uma vez, gentil amante,
Para leres o que te digo pelo coração:
Encanto-me com teu gesto tão distante,
Mas admiro-me por nunca ver tal ação.
Neste paradoxo em que vivo, claro em pó,
Sou a singela folha que desce de um ramo
Que se mantém vivo com a lágrima e só -
O que fará com que vejamos o que amo...
Agora, alinhavando o lápis neste papel novo,
Só quero te pedir para que leias o rabisco -
Ilustrador deste velho sentimento arisco:
Range em meus traços doloridos o corvo
Que Poe deixou fugir em seus velhos poemas
- O que aqui crava os tão antigos edemas.
***
E hoje caminho nos campos das nuvens.
Há algo no chão?
Não me diga!
Não quero olhar para baixo.
Quero olhar para frente.
Império consequente da mente.
Só quero te encontrar ao fim de tudo.
Ter minha musa tão distante no braço confuso.
Não me diga!
Eu quero te falar!
Quero te abraçar agora.
Quero voar contigo para longe!
Mas não quero ver o chão.
Quero apenas o campo das nuvens.
Não me diga!
Não me diga que não estou alado!
Que voo apenas com minha mente
E com meu modesto canto rente.
Não quero que me busques,
Mas te vejo ao longe, tão distante...
Não me vês?
Não vês minha alegria intensa?
Meu desejo cru, meu instinto por ti?
Sou eu quem cativa teu canto...
Só não venho aqui para que me mostre
Que não sou mais teu elo de torpor...
Não me diga!
Só me digas com o sorriso,
Sem qualquer grito ou gemido
Que meu canto ainda te satisfaz...
Diga-me agora ou cala-me!
Diga-me ou silencia minha voz!
Mas não me diga nenhuma vez mais...
***
Como em muitos dias de intensa alegria,
Repara no meu canto e vê, de mansinho:
Minha musa, iniciaste inspiração da autoria
Dos versos que hoje ganharam caminho!
Obrigado! - Muito obrigado por me abrir
O céu tantas vezes e iluminar minha voz!
Hoje, não és apenas o cálido anjo atroz,
Mas a intensa vontade de também sorrir...
Não esquecerei um minuto de teu sentido:
Próxima ou longe, irriquieta ou só calma,
Trouxeste-me além do que eu teria sido.
Agora, é hora de dar asas para a alma,
Ignorar quem venha contrário - ou sagaz:
Buscar os ventos que querem tua paz.
***
Num de meus sonhos mais distantes,
Encontrei na luz teu canto preferido:
Lembras daquele que nos instantes
De felicidade poupava-me como ferido?
Encontrei tais versos no baú de cartas
- Belas, miseráveis, sinceras, benditas -
Que um dia recebi das mãos infinitas
De um sentimento que jaz - e maltratas.
Nas folhas que se desfazem comigo,
Não há feridos silenciosos, prostrados,
Mas a distância correta dos malfadados:
É minha mão te escrevendo - teu amigo,
Teu amante, teu namorado, teu amor -
Que uma vez mais silencia o torpor.
***
Silêncio e distância:
É assim que te faz?
Temor ou arrogância:
Por que não te desfaz?
***
Imagine uma nova história para sua vida.
Nela, teu sabor agridoce se converte, moça.
- Só não a deixe escutar antes daquela bolsa,
Que será pega para levar tua bela acolhida...
Quem imagina este novo conto tão sereno?
É apenas uma imagem que vive numa luz
Distante - Espectro doce da magia que seduz
Num curto espaço de tempo - jaz num aceno.
De que vivem estes teus olhos tão brilhantes?
De uma chama impura e doída - serpente
E rapina, num caminho cheio de amantes?
Vejo um novo contar - se faz maior que antes:
Observo meu chão de espumas tão brancas
Que mais parecem as nuvens umas trancas.
***
Agora, preciso logo me retirar, amor
- Não, por favor, não implore mais!
Sei que nossos beijos são demais,
Mas me deixas assim - puro calor!
***
Hoje o belo dia brotou com ar de calmaria
- Caminhada eterna do vento rumo ao sol.
Se quisermos encontrar emoção de anzol,
Terás de fisgar a minha oferta sem regalia.
Ofereço-te o silêncio do céu e o estrondo
Que vem do mar - falácias ora tão divinas.
No paradoxo que sou, há muitas disciplinas
Que não se veem em divisão compondo.
Tudo sou este eu - mas tu és meu belo tudo.
E neste céu aureolado de tantas vãs visões,
Está minha maior dedicatória, pouco carnudo:
A paz no teu coração segue com os clarões
Do tempo em que vivias de voltas a fundo -
Quando das descobertas do novo mundo.
***
Você me deu atenção
Naquela tarde vazia -
Mal sabia teu coração
Que alegrarias meu dia.
***
Deu! :)
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Poemas do Facebook - XI
Mais!
***
Encontra-me nas chamas esta noite, bem,
Se não quiseres perder loucuras amorosas
Que trago comigo de outros tempos também,
Mas que vibram ao se fazerem perigosas...
Auge da montanha dos sentimentos bons,
Subi-te uma vez mais para alcançar o céu
E ousei me perder ao longe do arranha-céu,
Para ter nossos momentos - doces bom-bons.
Estou lá naquele lugar novamente, pensando...
Devo me fazer presente em tua memória?
Ou seria mais justo escapar-te como escória?
De qualquer forma, há alguém demorando:
Onde tu estás, se te espero no alto do coração,
Às duras chagas que talvez peçam perdão?
***
Reencontrada na chama da memória,
Meu bem querer se faz de boa doçura
Para eu levá-la ao caminho da candura,
Onde se guardam as réstias da glória...
***
No meio da nossa noite misteriosa,
Os trovões romperam o céu nebuloso.
Noite de virtude, carinho e deliciosa
Companhia do astro mais majestoso?
Podes me chamar do que quiseres:
Doce amor, os vestígios do tempo
Ainda vagam conosco - somos seres
De grandeza vil e sentimento lento...
Anos a fio amamentando um belo amor
Se fez perceber forte nesta noite anterior:
"Ainda há aquela boa lembrança do beijo..."
Segue teu caminho, mas se perceberes
Que é aqui teu maior destino e desejo,
Não seja fria a ponto de o mascarares.
***
Rio-me da própria desventurança
Quando leio que palavras e ações
Andam em desacordo. Esperança!
Brinca maldosa com esses grilhões!
***
Sabes por que não te identificas mais com o que escrevo?
Existiu uma porta que era aberta todos os dias para saber.
Hoje, esta passagem está fechada pela dor, vive ao relevo,
E só será aberta de vez quando a situação um dia reverter.
***
Revejo tuas fotos e acompanho teu sorriso.
Por que ainda é triste? Por que menos liso?
Ondulas no rosto a saudade partida outrora
Ou seria o silêncio com quem agora namora?
***
No meio da folhagem do mato perdido,
Encontrei meu destino insano no verde:
Maltrapilho vertigens com sopro doído,
- Meu olhar se tornou o que não perde.
A natureza brinca com os leves medos
Que insistem em nortear pensamentos
Agora, ao longe, no céu fechado e atroz
- Calma, amor, é só a tempestade feroz.
Sinto que meus pés fundem chão e céu,
Pois caminho num estado de graça feliz,
O que há muito não se via ou não se quis...
A chuva levou os meus medos - carrocel
De lágrimas absoluto, frágil companhia,
Mas deliciosa como minha estrela guia.
***
Tempo -
Ultrapassa os limites da saudade
Mas enquanto ela vem e bate
"Que vontade de te abraçar!"
Tempo -
Corre mais rápido que o beijo do vento
Mas se me rememora o teu lábio
"Que vontade de te beijar!"
Tempo -
Vai além da nossa pobre vida insana
Mas se carregas essa vontade de ti
"Que vontade de te ter aqui!"
Tempo -
Não nos maldigas mais uma vez, afinal
Pois tens a força para levar todo o mal
"Que vontade de te ouvir comigo!"
Tempo -
Brilha ao longe a aurora da esperança
E um dia trarás a mim a tua felicidade
"Que vontade de ser só contigo!"
***
Leio tuas palavras no amanhecer
E ainda me pergunto uma vez mais:
Que saudade é essa ilustre em "ais",
Se não me diriges palavra para ver?
***
Quando não houver mais nada,
Cala e consente: viver para quê,
Se meu amor a vontade não vê
E meu caminho está sem estrada?
***
Sinto na pele o último beijo
Que estalou em meu braço.
Sinto também que bom aço
Se desfaz como o queijo.
Na mira da lembrança, ora
Vens cabisbaixa e insana,
Ora celebras uma certa hora,
Que só te deixa doidivana.
Agora, estalando dedos reais,
Percebo que o tempo se foi.
De bom grado, vejo o que mói,
Para não ser além do mais.
***
Morava nos escombros da memória
Aquela imagem que um dia fora bela:
Nós sentados à escada, em transitória
Risada - Tempo de uma hora singela.
Depois de tantos anos, revejo-te assim:
Teus dourados cachos reverberados por
Esmeralda maciça - verde cristal e, enfim,
Reaparecida a mim para intenso torpor.
Teu riso doce, fácil e dolorido de hoje é,
A um só tempo, a ternura que ficou longe
Somada à necessidade de ir agora a pé:
Caminha para teu futuro, querida - monge
De silêncio para o coração - e que agora
Nos encontremos mais vezes por hora.
***
Sorria - mesmo que não tenhas motivos!
É a nova era que rompe o nosso tremor.
Sorria - mesmo que apareçam os uivos
Daqueles lobos que nos trazem o pavor.
É preciso sorrir a noite inteira, com orgulho
- Não importa que alguém faça borbulho
Do que queremos encontrar logo adiante.
- Vejo-nos no céu, em todo nosso instante.
Cria teu sorriso para meticular tuas alegrias,
Pois cabe no mundo um novo belo horizonte
Que entreabre suas portas - além do monte:
Abre a curvatura no teu rosto - calma, sorrias!
É apenas o tempo novo lá fora, escaldante,
Que fará de novo teu coração um belo errante.
***
Caminhas na beira da praia, estrela bela,
Para que te apreciem sem a moderação.
Vejo tuas curvas alvas - a gentil sequela
Do tempo em que ouvia sequer um "não".
As areias daquele tempo se desfazem
Em meio ao olhar que observa teu futuro.
Só então percebo que nada é mais puro
Que tuas ideias num caminho selvagem.
Ah, cruel praia de minhas belas incertezas!
Por que não transformas em dunas errantes
Corações que um dia se deram molezas?
Talvez porque ela saiba, mesmo como antes,
Que não há pousada melhor para o coração
Do que aquela que sempre te deu atenção.
***
Amor, não há santo maior que o dia seguinte:
A prece calma se renova com o raiar do sol,
Os pecados são pagos com lua - pleno requinte,
E meu coração se recupera com teu farol...
Aurora da minha vida! Faz-me seguidor do bem,
Para encontrar no mar e no céu meu elo também
Com o mundo que se faz rígido e cruel conosco,
Mas que quer apenas nos livrar do que é tosco.
Agora é hora de vermos o que o ano reserva,
Pois temos um longo caminho já pela frente:
Os meus e os teus precisam de algo comovente!
Que vida que te reservo de agora em diante sirva
De caminho para teu mundo gigante se aproximar
- É o teu espaço novo que quer te ver apenas amar.
***
Muita gente diz que nossa vida está regrada
- Fechada, curvada, estreita, sem colheita -
Mas esquecem que somos a força retomada
De uma hora que em novo tempo será feita.
Não adianta me puxar para o seu lado belo,
Quando o que mais quero é viver minha vida:
Os resquícios das águas que formaram o elo
Evaporaram na época em que foste doída.
Finalmente me sinto livre do que dizem, amor,
Pois sou liberto de uma escravatura inaudita,
Já que ninguém quer permanecer com a dor...
Agora, viemos ao mundo com rosto que compita
- Comigo, com ele, com elas, com o mundo todo -
Pela melhor forma que seja retirar o incômodo.
***
Queres saber mesmo o que penso
Sobre as doces palavras de outrora?
Tira tua máscara de pavor de agora
E me pergunta com o mesmo senso...
***
Nada consegui no escuro.
As duras chagas dos pensamentos mundanos
- Esquifes de tristezas e contíguas dessincronias -
Fizeram-me vívido em meio à cegueira.
Vejo nosso tempo partir de repente.
Em quais sintonias encontraremos os mundos
- Tão belos, terrenos, em meio ao sol -
Quando não tivermos mais a quem ver?
Brilhou o sol imenso no quarto ao lado.
E é ali que vejo o futuro que se propõe de fato
- Rico em textura, murmura ao meu ouvido -
E é para onde iremos quando tudo renascer...
Estamos na noite do calor intenso.
Que sol que se aventura à noite pode conter
- fogueira, flâmulas, falanges, fosfatos -
A energia tão intermitente para fazer amadurecer?
E nada do frio se aproximar.
Nada do escuro vir com força de novo.
Tudo é claro - gesso em pó construído -
E o universo todo se cala perante mim.
***
Uma aventura no fogo da noite
Foi o que vivi contigo há pouco.
Não meço palavras para dizer-te
Que fulguras magia como louco...
Que tez brilhante ao contemplar
As milhares de vidas além-mar!
Que doce mais redentor - magia
Única de fazer-me luz que emergia!
Quanto menos penso no que houve,
Mais teu doce corpo se faz presente:
Seria esta poção que não se ouve?
Brilho meus olhos àquele que sente
Que todo sabor da vida inundou-me
E me fez alguém mais a todo volume.
***
A última terra perdida no horizonte
- Não maldigas que meu espaço vital
Era apenas um reduto de um monte
Que não trazia os espelhos para tal...
A minha última morada nesta terra
- Meu recanto de amor e felicidade,
Que só apenas faz feliz quando erra,
Mas buscando toda melhor verdade.
Meu recanto de términos infundados,
Última morada dos vis malmequeres
- É teu último poema de meus dados:
Agora, subo à virtude dos benfeitores,
Para entregar minha alma ao que é novo
E me despedir da tal sensação de estorvo.
***
Nasceu! Brotou no horizonte disperso
A cúria da paz de meu tenso coração!
Levo-me junto a ti, deserta corrosão,
Para que despedaces o meu universo!
Nas novas páginas que se constroem,
Não há espaço para rasuras e leilões.
Meu modesto coração se joga ao leões
Para açoitar-se - os que o destroem.
Pego minha alma e junto-me ao verso!
Não há mais motivos para aqui ficar -
Quero-me longe, tendo-me apenas ar:
Que os espíritos que me deixam adverso
Respirem uma nova fragrância de amor
E destempere este sentimento de pavor.
***
Que som é este que me chama de longe?
Que batida, que cura, que me eleva alto?
Parece que o anjo não está como monge,
Nem os santos em um nível de planalto...
É dia de ouvir o pandeiro tocar suas notas,
De ver o folião se entregar são na avenida
- Sair insano, consequência total e desmedida,
Mas que parece combinar com o que botas.
É dia de carnaval, na avenida, na rua, no beco
- É dia de ouvir teus cantares soturnos - seco,
Pois o poeta não bebe por suas palavras tolas!
Veste-se arlequim para ser quem traz auréolas,
Pois, no dia em que o poeta cai mesmo no samba,
Quer apenas sambar - E nem lhe ofereçam liamba!
***
Disseras certa vez, numa noite sã e bela,
Que o eterno é possível, não só palavras,
Mas atitudes - Que teoria seria mais dela
Senão esta, que hoje não há o que lavras?
Conheceste o mundo e a intimidade além,
Pois buscaste o eterno e o fim no mesmo.
Quantas pessoas fazem isso com outrem
Todos os dias - Sem se ferirem a esmo?
Esta é a imagem que tu me deixaste, amor:
De quem usou algo para aprender e se foi.
Se for tua essência, há quem tenha pavor.
Aqui é o espaço do destrato, sem mais "oi".
Hoje, seguirei para longe o intenso caminho,
Esperando que a rosa saiba tratar o espinho.
***
Se o medo te contaminar em relação a mim,
Não te espante! Talvez seja agora normal...
Não esquece, no entanto, que não faz mal
Falares comigo - já que sempre foste assim!
***
Em meus momentos mais para baixo,
Aquele som reacende meu espírito -
Brinca com meus sentidos e encaixo
Meus olhos perante a vida e o conflito.
Agora posso ver, por meio de teus lábios,
Que, vermelhos em sangue, brilham claros
Os belos textos que um dia senti aos faros
De teu corpo e nossos espíritos milionários.
Quando balbucio teu ser em meio à fossa,
Não permito que a pura alma que se força
Caia em tentação em curto espaço de tempo:
Dos velhos quintanares que leio a passatempo,
Vejo teu sorriso levantar-me ao céu de vez,
Para ver-me afogado em memórias e lividez.
***
"Vai com calma", ela me disse uma vez,
Com um ar sincero, de puro conhecimento.
"Não faço diferente", respondi, na altivez
De quem tem nas mãos todo o polimento.
Agarrei-a com vontade, sagaz do prazer,
Incalculando as vértices do saber estremecer.
"Teremos a vida", ela dizia, sorriso dolorido,
O que não passava de um deleite contido.
Sorrisos em núpcias amorosas clarificados,
Prazeres, regalos - desejos agora infindados,
Na mente e no corpo de todo tua vontade...
Não me faça agora faltar com a verdade,
Pois não esqueces o dia em que teu busto
Uniu-se ao meu - e deixou de ser um susto.
***
Conversas silenciosas no decorrer da noite:
"Mistura teu coração ao cérebro", ela me diz,
Com sua voz claudicante e que certo foi-te
A mais bela e feroz que não encontra raiz.
No diálogo frenético, os desvairados seres
Se cruzam em meio à estrada da lealdade
- "Não se faz mais, tais como a comunidade,
Que se preocupa com a dificuldade de teres."
Os sonâmbulos gestos se entrecruzam suaves,
Numa bela desarmonia de cores e gentilezas
Que oprimes quando falas de tuas malvadezas:
Acordo assim, como se pousadas fossem naves,
E eu pudesse rever meus conceitos finalmente,
Escapando da frigidez constante de tua mente.
***
O sol nasceu mais uma vez neste verão
Que dá sinais de uma verdadeira solidão.
Acordo sem te ver ao meu lado novamente
E meu coração, gotejando ternura, mente.
Em algum claustro qualquer, longe do chão,
Meu ar golpeia a dor para fazer-me vivo.
Doce intento: continuas a caminhar em vão,
Enquanto recomponho-me sem ser agressivo.
De que lado tu estás, meu sol? Quero-te vendo,
Ao longe, de tua vida, no imenso firmamento,
A sagaz virtude que a solidão deve me trazer:
Quero apenas viver da mesma forma que ser
Tranquilo e sereno, em busca do céu ao final
- O que melhorará consideravelmente meu astral.
***
Desce do céu a estrela serena outra vez
- Que milagre revê-la assim, nesta pose!
Noutro momento talvez não tivesses altivez
- Necessário para algo que não seja hipnose.
Alerta ao teu tempo de descida, minha visão
Não franze o cenho para ver-te próxima.
Afinal, estás num regime de gozo que vitima
Meu coração triste, padecendo - só que não.
Reverberas tua passagem agora ao horizonte,
Pois aqui renegaste teu porto seguro, lembras?
- Tempo de dar o crédito pela fala que conte.
Na ida sem vinda deste futuro que me cobras,
Vira-te pela porta afora e sai, rumo ao mundo,
E invade já teu céu que se diz tão profundo.
***
Se Freud dizia que o homem é dono
Do que cala e escravo do que fala,
Posso dizer que minha ciência tem ala
Difícil de recriar as falas lá do outono.
Hoje sou dono, mas outrora escravo:
Expus-me em excesso ao que há dor.
Agora, calado, tento recompor o calor
Que com tanta vontade eu o agravo.
Meu sentido escravo fora alforriado,
O que não me impede de te servir,
Pois sempre te amei de bom grado:
Ainda assim, livre: livre para poder ir,
Rumo ao infinito e além, sem rancor,
Para descobrir-te novamente, amor.
***
E, veja, quem sabe não é hora
De transformar o sonho aquele,
Tão longínquo, distante, agora
Em espaço de amor para ele?
***
:D
***
Encontra-me nas chamas esta noite, bem,
Se não quiseres perder loucuras amorosas
Que trago comigo de outros tempos também,
Mas que vibram ao se fazerem perigosas...
Auge da montanha dos sentimentos bons,
Subi-te uma vez mais para alcançar o céu
E ousei me perder ao longe do arranha-céu,
Para ter nossos momentos - doces bom-bons.
Estou lá naquele lugar novamente, pensando...
Devo me fazer presente em tua memória?
Ou seria mais justo escapar-te como escória?
De qualquer forma, há alguém demorando:
Onde tu estás, se te espero no alto do coração,
Às duras chagas que talvez peçam perdão?
***
Reencontrada na chama da memória,
Meu bem querer se faz de boa doçura
Para eu levá-la ao caminho da candura,
Onde se guardam as réstias da glória...
***
No meio da nossa noite misteriosa,
Os trovões romperam o céu nebuloso.
Noite de virtude, carinho e deliciosa
Companhia do astro mais majestoso?
Podes me chamar do que quiseres:
Doce amor, os vestígios do tempo
Ainda vagam conosco - somos seres
De grandeza vil e sentimento lento...
Anos a fio amamentando um belo amor
Se fez perceber forte nesta noite anterior:
"Ainda há aquela boa lembrança do beijo..."
Segue teu caminho, mas se perceberes
Que é aqui teu maior destino e desejo,
Não seja fria a ponto de o mascarares.
***
Rio-me da própria desventurança
Quando leio que palavras e ações
Andam em desacordo. Esperança!
Brinca maldosa com esses grilhões!
***
Sabes por que não te identificas mais com o que escrevo?
Existiu uma porta que era aberta todos os dias para saber.
Hoje, esta passagem está fechada pela dor, vive ao relevo,
E só será aberta de vez quando a situação um dia reverter.
***
Revejo tuas fotos e acompanho teu sorriso.
Por que ainda é triste? Por que menos liso?
Ondulas no rosto a saudade partida outrora
Ou seria o silêncio com quem agora namora?
***
No meio da folhagem do mato perdido,
Encontrei meu destino insano no verde:
Maltrapilho vertigens com sopro doído,
- Meu olhar se tornou o que não perde.
A natureza brinca com os leves medos
Que insistem em nortear pensamentos
Agora, ao longe, no céu fechado e atroz
- Calma, amor, é só a tempestade feroz.
Sinto que meus pés fundem chão e céu,
Pois caminho num estado de graça feliz,
O que há muito não se via ou não se quis...
A chuva levou os meus medos - carrocel
De lágrimas absoluto, frágil companhia,
Mas deliciosa como minha estrela guia.
***
Tempo -
Ultrapassa os limites da saudade
Mas enquanto ela vem e bate
"Que vontade de te abraçar!"
Tempo -
Corre mais rápido que o beijo do vento
Mas se me rememora o teu lábio
"Que vontade de te beijar!"
Tempo -
Vai além da nossa pobre vida insana
Mas se carregas essa vontade de ti
"Que vontade de te ter aqui!"
Tempo -
Não nos maldigas mais uma vez, afinal
Pois tens a força para levar todo o mal
"Que vontade de te ouvir comigo!"
Tempo -
Brilha ao longe a aurora da esperança
E um dia trarás a mim a tua felicidade
"Que vontade de ser só contigo!"
***
Leio tuas palavras no amanhecer
E ainda me pergunto uma vez mais:
Que saudade é essa ilustre em "ais",
Se não me diriges palavra para ver?
***
Quando não houver mais nada,
Cala e consente: viver para quê,
Se meu amor a vontade não vê
E meu caminho está sem estrada?
***
Sinto na pele o último beijo
Que estalou em meu braço.
Sinto também que bom aço
Se desfaz como o queijo.
Na mira da lembrança, ora
Vens cabisbaixa e insana,
Ora celebras uma certa hora,
Que só te deixa doidivana.
Agora, estalando dedos reais,
Percebo que o tempo se foi.
De bom grado, vejo o que mói,
Para não ser além do mais.
***
Morava nos escombros da memória
Aquela imagem que um dia fora bela:
Nós sentados à escada, em transitória
Risada - Tempo de uma hora singela.
Depois de tantos anos, revejo-te assim:
Teus dourados cachos reverberados por
Esmeralda maciça - verde cristal e, enfim,
Reaparecida a mim para intenso torpor.
Teu riso doce, fácil e dolorido de hoje é,
A um só tempo, a ternura que ficou longe
Somada à necessidade de ir agora a pé:
Caminha para teu futuro, querida - monge
De silêncio para o coração - e que agora
Nos encontremos mais vezes por hora.
***
Sorria - mesmo que não tenhas motivos!
É a nova era que rompe o nosso tremor.
Sorria - mesmo que apareçam os uivos
Daqueles lobos que nos trazem o pavor.
É preciso sorrir a noite inteira, com orgulho
- Não importa que alguém faça borbulho
Do que queremos encontrar logo adiante.
- Vejo-nos no céu, em todo nosso instante.
Cria teu sorriso para meticular tuas alegrias,
Pois cabe no mundo um novo belo horizonte
Que entreabre suas portas - além do monte:
Abre a curvatura no teu rosto - calma, sorrias!
É apenas o tempo novo lá fora, escaldante,
Que fará de novo teu coração um belo errante.
***
Caminhas na beira da praia, estrela bela,
Para que te apreciem sem a moderação.
Vejo tuas curvas alvas - a gentil sequela
Do tempo em que ouvia sequer um "não".
As areias daquele tempo se desfazem
Em meio ao olhar que observa teu futuro.
Só então percebo que nada é mais puro
Que tuas ideias num caminho selvagem.
Ah, cruel praia de minhas belas incertezas!
Por que não transformas em dunas errantes
Corações que um dia se deram molezas?
Talvez porque ela saiba, mesmo como antes,
Que não há pousada melhor para o coração
Do que aquela que sempre te deu atenção.
***
Amor, não há santo maior que o dia seguinte:
A prece calma se renova com o raiar do sol,
Os pecados são pagos com lua - pleno requinte,
E meu coração se recupera com teu farol...
Aurora da minha vida! Faz-me seguidor do bem,
Para encontrar no mar e no céu meu elo também
Com o mundo que se faz rígido e cruel conosco,
Mas que quer apenas nos livrar do que é tosco.
Agora é hora de vermos o que o ano reserva,
Pois temos um longo caminho já pela frente:
Os meus e os teus precisam de algo comovente!
Que vida que te reservo de agora em diante sirva
De caminho para teu mundo gigante se aproximar
- É o teu espaço novo que quer te ver apenas amar.
***
Muita gente diz que nossa vida está regrada
- Fechada, curvada, estreita, sem colheita -
Mas esquecem que somos a força retomada
De uma hora que em novo tempo será feita.
Não adianta me puxar para o seu lado belo,
Quando o que mais quero é viver minha vida:
Os resquícios das águas que formaram o elo
Evaporaram na época em que foste doída.
Finalmente me sinto livre do que dizem, amor,
Pois sou liberto de uma escravatura inaudita,
Já que ninguém quer permanecer com a dor...
Agora, viemos ao mundo com rosto que compita
- Comigo, com ele, com elas, com o mundo todo -
Pela melhor forma que seja retirar o incômodo.
***
Queres saber mesmo o que penso
Sobre as doces palavras de outrora?
Tira tua máscara de pavor de agora
E me pergunta com o mesmo senso...
***
Nada consegui no escuro.
As duras chagas dos pensamentos mundanos
- Esquifes de tristezas e contíguas dessincronias -
Fizeram-me vívido em meio à cegueira.
Vejo nosso tempo partir de repente.
Em quais sintonias encontraremos os mundos
- Tão belos, terrenos, em meio ao sol -
Quando não tivermos mais a quem ver?
Brilhou o sol imenso no quarto ao lado.
E é ali que vejo o futuro que se propõe de fato
- Rico em textura, murmura ao meu ouvido -
E é para onde iremos quando tudo renascer...
Estamos na noite do calor intenso.
Que sol que se aventura à noite pode conter
- fogueira, flâmulas, falanges, fosfatos -
A energia tão intermitente para fazer amadurecer?
E nada do frio se aproximar.
Nada do escuro vir com força de novo.
Tudo é claro - gesso em pó construído -
E o universo todo se cala perante mim.
***
Uma aventura no fogo da noite
Foi o que vivi contigo há pouco.
Não meço palavras para dizer-te
Que fulguras magia como louco...
Que tez brilhante ao contemplar
As milhares de vidas além-mar!
Que doce mais redentor - magia
Única de fazer-me luz que emergia!
Quanto menos penso no que houve,
Mais teu doce corpo se faz presente:
Seria esta poção que não se ouve?
Brilho meus olhos àquele que sente
Que todo sabor da vida inundou-me
E me fez alguém mais a todo volume.
***
A última terra perdida no horizonte
- Não maldigas que meu espaço vital
Era apenas um reduto de um monte
Que não trazia os espelhos para tal...
A minha última morada nesta terra
- Meu recanto de amor e felicidade,
Que só apenas faz feliz quando erra,
Mas buscando toda melhor verdade.
Meu recanto de términos infundados,
Última morada dos vis malmequeres
- É teu último poema de meus dados:
Agora, subo à virtude dos benfeitores,
Para entregar minha alma ao que é novo
E me despedir da tal sensação de estorvo.
***
Nasceu! Brotou no horizonte disperso
A cúria da paz de meu tenso coração!
Levo-me junto a ti, deserta corrosão,
Para que despedaces o meu universo!
Nas novas páginas que se constroem,
Não há espaço para rasuras e leilões.
Meu modesto coração se joga ao leões
Para açoitar-se - os que o destroem.
Pego minha alma e junto-me ao verso!
Não há mais motivos para aqui ficar -
Quero-me longe, tendo-me apenas ar:
Que os espíritos que me deixam adverso
Respirem uma nova fragrância de amor
E destempere este sentimento de pavor.
***
Que som é este que me chama de longe?
Que batida, que cura, que me eleva alto?
Parece que o anjo não está como monge,
Nem os santos em um nível de planalto...
É dia de ouvir o pandeiro tocar suas notas,
De ver o folião se entregar são na avenida
- Sair insano, consequência total e desmedida,
Mas que parece combinar com o que botas.
É dia de carnaval, na avenida, na rua, no beco
- É dia de ouvir teus cantares soturnos - seco,
Pois o poeta não bebe por suas palavras tolas!
Veste-se arlequim para ser quem traz auréolas,
Pois, no dia em que o poeta cai mesmo no samba,
Quer apenas sambar - E nem lhe ofereçam liamba!
***
Disseras certa vez, numa noite sã e bela,
Que o eterno é possível, não só palavras,
Mas atitudes - Que teoria seria mais dela
Senão esta, que hoje não há o que lavras?
Conheceste o mundo e a intimidade além,
Pois buscaste o eterno e o fim no mesmo.
Quantas pessoas fazem isso com outrem
Todos os dias - Sem se ferirem a esmo?
Esta é a imagem que tu me deixaste, amor:
De quem usou algo para aprender e se foi.
Se for tua essência, há quem tenha pavor.
Aqui é o espaço do destrato, sem mais "oi".
Hoje, seguirei para longe o intenso caminho,
Esperando que a rosa saiba tratar o espinho.
***
Se o medo te contaminar em relação a mim,
Não te espante! Talvez seja agora normal...
Não esquece, no entanto, que não faz mal
Falares comigo - já que sempre foste assim!
***
Em meus momentos mais para baixo,
Aquele som reacende meu espírito -
Brinca com meus sentidos e encaixo
Meus olhos perante a vida e o conflito.
Agora posso ver, por meio de teus lábios,
Que, vermelhos em sangue, brilham claros
Os belos textos que um dia senti aos faros
De teu corpo e nossos espíritos milionários.
Quando balbucio teu ser em meio à fossa,
Não permito que a pura alma que se força
Caia em tentação em curto espaço de tempo:
Dos velhos quintanares que leio a passatempo,
Vejo teu sorriso levantar-me ao céu de vez,
Para ver-me afogado em memórias e lividez.
***
"Vai com calma", ela me disse uma vez,
Com um ar sincero, de puro conhecimento.
"Não faço diferente", respondi, na altivez
De quem tem nas mãos todo o polimento.
Agarrei-a com vontade, sagaz do prazer,
Incalculando as vértices do saber estremecer.
"Teremos a vida", ela dizia, sorriso dolorido,
O que não passava de um deleite contido.
Sorrisos em núpcias amorosas clarificados,
Prazeres, regalos - desejos agora infindados,
Na mente e no corpo de todo tua vontade...
Não me faça agora faltar com a verdade,
Pois não esqueces o dia em que teu busto
Uniu-se ao meu - e deixou de ser um susto.
***
Conversas silenciosas no decorrer da noite:
"Mistura teu coração ao cérebro", ela me diz,
Com sua voz claudicante e que certo foi-te
A mais bela e feroz que não encontra raiz.
No diálogo frenético, os desvairados seres
Se cruzam em meio à estrada da lealdade
- "Não se faz mais, tais como a comunidade,
Que se preocupa com a dificuldade de teres."
Os sonâmbulos gestos se entrecruzam suaves,
Numa bela desarmonia de cores e gentilezas
Que oprimes quando falas de tuas malvadezas:
Acordo assim, como se pousadas fossem naves,
E eu pudesse rever meus conceitos finalmente,
Escapando da frigidez constante de tua mente.
***
O sol nasceu mais uma vez neste verão
Que dá sinais de uma verdadeira solidão.
Acordo sem te ver ao meu lado novamente
E meu coração, gotejando ternura, mente.
Em algum claustro qualquer, longe do chão,
Meu ar golpeia a dor para fazer-me vivo.
Doce intento: continuas a caminhar em vão,
Enquanto recomponho-me sem ser agressivo.
De que lado tu estás, meu sol? Quero-te vendo,
Ao longe, de tua vida, no imenso firmamento,
A sagaz virtude que a solidão deve me trazer:
Quero apenas viver da mesma forma que ser
Tranquilo e sereno, em busca do céu ao final
- O que melhorará consideravelmente meu astral.
***
Desce do céu a estrela serena outra vez
- Que milagre revê-la assim, nesta pose!
Noutro momento talvez não tivesses altivez
- Necessário para algo que não seja hipnose.
Alerta ao teu tempo de descida, minha visão
Não franze o cenho para ver-te próxima.
Afinal, estás num regime de gozo que vitima
Meu coração triste, padecendo - só que não.
Reverberas tua passagem agora ao horizonte,
Pois aqui renegaste teu porto seguro, lembras?
- Tempo de dar o crédito pela fala que conte.
Na ida sem vinda deste futuro que me cobras,
Vira-te pela porta afora e sai, rumo ao mundo,
E invade já teu céu que se diz tão profundo.
***
Se Freud dizia que o homem é dono
Do que cala e escravo do que fala,
Posso dizer que minha ciência tem ala
Difícil de recriar as falas lá do outono.
Hoje sou dono, mas outrora escravo:
Expus-me em excesso ao que há dor.
Agora, calado, tento recompor o calor
Que com tanta vontade eu o agravo.
Meu sentido escravo fora alforriado,
O que não me impede de te servir,
Pois sempre te amei de bom grado:
Ainda assim, livre: livre para poder ir,
Rumo ao infinito e além, sem rancor,
Para descobrir-te novamente, amor.
***
E, veja, quem sabe não é hora
De transformar o sonho aquele,
Tão longínquo, distante, agora
Em espaço de amor para ele?
***
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