quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Um carro

O sonho de todo menino é ter um carro.
"Quero dirigir!", diz ao pai.
"És pequeno!", ele responde, não raro,
"Quando maior, pedirás um 'não apelai!'".

Carro de duas ou quatro portas.
Um ar condicionado, amplificadores.
Não há no mundo um desejo de mortas
E más jornadas que substitua os motores.

Num sonho breu, o menino viu uma imagem:
O carro, arrojado tal qual sua vontade, iluminado:
Havia algo mais do que um mero vestígio corado.
Era um ser de alva face, de corpo em vertigem.

O carro, então, passou a ser apenas um carro:
Desde que o menino conheceu a imagem do carinho,
Nenhum objeto se tornou tão claro quanto o amarro
De dois corações: o meu e o teu, unidos num ninho.

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